sábado, 1 de outubro de 2011

Álbum da semana: Maria Fumaça - Banda Black Rio


Enquanto na zona norte e de classe alta do Rio de Janeiro imperava a bossa nova, na humilde zona sul o funk e a soul music das bandas americanas como Earth, Wind & Fire e Kool & The Gang pipocavam. Assim, o surgimento de grupos de funk cariocas que faziam covers dos grandes nomes gringos para bailes foi uma consequência natural.

Mas alguns foram além e resolveram dar uma linguagem própria àquela música importada adicionando elementos da música brasileira, como o samba de prato. O exemplo mais famoso é Tim Maia, com o funk-baião de ''Coroné Antônio Bento'', mas o síndico não foi o único a ''traduzir o soul''.

Em 1976 a Warner abriu uma subsidiária no Brasil e procurava uma banda do tal movimento Black Rio. Convidou o saxofonista e arranjador Oberdan Magalhães a formar uma banda e assinar contrato com o selo, e assim nasceu a Banda Black Rio.

Lançado um ano depois, Maria Fumaça foi o primeiro disco do grupo, e como era de se esperar, trazia a fusão do funk com ritmos brasileiros. A mais famosa foi a faixa título (assista o vídeo abaixo), que virou tema de abertura da novela global Locomotiva, mas o talento dos exímios instrumentistas e arranjadores transborda na arrojada ''Mr. Funky Samba'', onde a fusão de ritmos é mais evidente; no soul romântico ''Junia'' e nas versões de ''Casa Forte'' (Edu Lobo), ''Baião'' (Luiz Gonzaga) e ''Na Baixa do Sapateiro'' (Ary Barroso), que ganharam um colorido especial e um groove irresistível.

A repercussão do disco foi extremamente positiva. Caetano Veloso convidou a banda para acompanhá-lo turnê de seu álbum Bicho. Um desses shows foi gravado e lançado como Bicho Baile Show em 1978 e Caetano considera este como um de seus melhores discos.

O grupo acabou em 1984 com a morte de Oberdan, mas voltou à ativa 15 anos depois com o filho do fundador, William Magalhães, tecladista, arranjador e produtor experiente que trabalhou com nomes como Gilberto Gil, Cassiano, Caetano, Marina Lima, Ed Motta, entre outros. A partir daí a banda deixou de ser instrumental e passou a incluir vocais.

Em Maria Fumaça está a prova de que a música é universal e que pode sempre ser inovada. Como surgiu a ideia de fundir ritmos tão destintos, mas enraizados na mesma cultura negra? Oberdan explica: ''o funk é tocado no compasso 4/4 e o samba no 2/4. Tudo o que eu fiz foi achar o denominador comum''.

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