Por Rodrigo Luiz
As bandas que procuram resgatar uma sonoridade mais antiga, especificamente dentro do metal, têm dois caminhos predefinidos, e têm de fazer uma escolha: ou inovam e se tornam uma banda digna de atenção ou ficam presas às suas influências e estagnam perante os limites do gênero. Felizmente, depois de dois discos comuns, o Absu decidiu seguir o segundo curso e inovou com The Third Storm of Cythraul, em 1997, e cimentou esse caminho com Tara, em 2001, considerado o clássico da banda até o momento, trazendo uma forte influência thrash e desafiando o black metal dos anos 2000, que atravessava uma fase "conservadora". Com os dois discos autointitulados anunciados pelos seu líder, o vocalista/baterista Proscriptor, além de um terceiro para completar a "Trilogia Abyssic", ficava claro que a banda ainda tinha muito a mostrar.
O primeiro da trilogia recebeu o título de Absu, e o mais novo disco da banda, o segundo autointitulado, Abzu. Provavelmente o terceiro se chamará Apsu, em referência às diferentes grafias dadas às habitações associadas ao Deus sumério Enki. Ou algo parecido com isso. O novo disco mostra o trio texano um pouco mais comedido (na medida do possível), com um instrumental bem mais simples e sem tanto mitologismo, apesar de as letras ainda abordarem essa temática. A primeira prova disso é o seu tempo de duração, pouco menos de 37 minutos. Mas, se por um lado aquela aura mitológica, um dos pontos fortes da banda, é totalmente despida das canções, por outro lado a menor duração das músicas acaba fazendo com que ouvir "Abzu" seja uma experiência bem mais intensa. A junção do Black com o Thrash continua firme, com fortes influências do metal extremo oitentista, mas com um toque bastante moderno dado por um sutil teclado, servindo de fundo simples para os riffs pesados de Vis Crom e os guturais agudos de Proscriptor McGovern.
Como já dito, as canções estão mais curtas e diretas, sem a complexidade de discos anteriores, o que já é mostrado nas duas primeiras faixas, "Earth Ripper" e "Circles Of The Oath". Elas são secas e rápidas e com uma estrutura bastante simples, exceto por um final acústico na segunda. "Abraxas Connexus" é absolutamente empolgante e tem uma incrível performance de Proscriptor na bateria. "Skrying In the Spirit Vision" e "Ontologically, It Became Time & Space" possuem uma influência thrash mais acentuada e riffs simplesmente viciantes, com um ótimo trabalho nas guitarras. Mas eis que "A Song For Ea" surge e contraria toda essa tendência mais direta, com muitas variações ao longo de seus quase 15 minutos de duração, fragmentadas em 6 partes, onde até os teclados são mais perceptíveis. Todos os instrumentos são tocados com uma técnica apuradíssima, mostrando toda a capacidade musical da banda. Sem dúvidas, uma música marcante, e que daqui pra frente se tornará referência na discografia dos texanos.
Não tem muito mais o que dizer sobre o disco. A banda não perdeu nenhuma de suas qualidades, e o trabalho é forte e competente. É o mesmo Absu, com as letras mitológicas e esotéricas, só que mais simples. Alguns podem reclamar da curta duração do disco, mas pouco mais 36 minutos é até preferível neste caso, pois mais minutos com doses de riffs brutais como os que temos aqui deixaria muito headbanger calejado por aí com dores no pescoço. É um disco divertido de se ouvir, cheio de energia e entusiasmo, e liricamente fantástico. Indispensável aos adoradores do metal extremo.
Nota 8,0
Tracklist:
1. Earth Ripper
2. Circles of the Oath
3. Abraxas Connexus
4. Skrying in the Spirit Vision
5. Ontologically, It Became Time & Space
6. A Song for Ea
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