sábado, 11 de fevereiro de 2012

Review: Vivendo do Ócio - O Pensamento é um Imã


Por Gabriel Albuquerque


Mesmo seguindo a linha clichê das batidas primais do rock básico, cuja a maior pretensão é divertir, o quarteto baiano Vivendo do Ócio já vem reverberando no cenário independente nacional desde o seu primeiro disco, Teorias de Amor Moderno (2008), e demonstrando também mais potencial criativo do que seus concorrentes plagiadores de Ramones, AC/DC e Strokes.

Em breves cinco anos de atividades, a banda foi amadurecendo com um velocidade incomum. Em decorrência do sucesso, foram obrigados a sair das ruas do Pelourinho, em Salvador, e instalar-se em São Paulo para poder desenvolver suas produções. Em segundo álbum, Nem Sempre Tão Moderno (2009), já concebido e gravado na capital paulista, o conjunto fundamentou as suas ideas e concepções e começava a imprimir sua marca própria em meio à influências tão recorrentes que formaram a base musical da banda. E com a chegada do terceiro trabalho, O Pensamento é um Imã, o Vivendo do Ócio encontra de vez sua própria identidade e se firmam um ótimo nome entre as novas caras do rock nacional.

Conduzidos pelos experientes produtores Chuck Hipolitho (ex-Forgotten Boys e líder do Vespas Mandarinas) e Rafael Ramos (que já produziu Los Hermanos e Cachorro Grande), a banda está mais focada e melhor direcionada, com poder para articular melhor o seu rock básico e cru com letras e arranjos mais bem trabalhados e maduros. Mas que, acima de tudo, continuam afiados como navalha.

A sequência de ''Nostalgia'', ''Dois Mundos'' e ''Radioatividade'' é o recheio e a prova do crescimento da banda. Com guitarras certeiras, bateria pulsante e refrões envolventes para cantar junto. A primeira, com parceria de Pitty e seu guitarrista Martin, é um lamento sobre estar longe de sua terra, complementada por versos de ''O Incriado'' de Vinícius de Moraes,  que atinge o ápice no solo, com o duelo de guitarras de Martin e Jajá, o frontman e principal compositor da banda. Com um leve passeio pelo eletrônico, ''Dois Mundos'' é uma balada sugestiva e cheia de cinismo e é o principal reflexo da evolução lírica do grupo. Já ''Radioatividade'', muito provavelmente a melhor faixa do álbum, é regida por envolventes linhas melódicas que seduzem os ouvidos.

O regionalismo de ''O Mais Clichê'', com a presença do baixista Novo Baiano Dadi é uma agradável surpresa. Mas o forte do Vivendo do Ócio ainda é o rock, e nas explosivas ''Bomba Relógio'', ''Silas'', ''Por Um Punhado de Reais'', ''Preciso Me Recuperar'', ''Eu Gastei'' eles demonstram todo o seu poder de fogo.

O verdadeiro rock nacional ainda está vivo e em pleno vapor. E a cena é liderada justamente pelos rapazes do Vivendo do Ócio, que cresce para tornar-se mais centrado e coeso; mais maduro e evoluído, mas não deixa de lado as verdadeiras raízes do bom e velho rock 'n' roll.


Nota 9,0:



Tracklist:

1 Bomba Relógio
2 Silas
3 Tudo Que Eu Quero
4 Nostalgia
5 Dois Mundos
6 Radioatividade
7 O Mundo É Um Parque
8 Por Um Punhado de Reais
9 O Mais Clichê
10 Preciso Me Recuperar
11 Eu Gastei

1 comentários:

Confesso que quando lançaram o clipe de 'Silas' pensei que este seria um retorno à vibe do primeiro álbum, só rock cru. Porém, depois de ouvir o disco inteiro fica claro que é bem mais flexível e polido. Realmente sensacional a tríade ''Nostalgia'', ''Dois Mundos'' e ''Radioatividade''.

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