Três anos após Design Your Universe, o Epica volta agora com Requiem For The Indifferent. O último disco da banda holandesa marcou uma tangível mudança em sua sonoridade. Não por acaso, o último disco marcou também a estreia de Isaac Delahaye, o principal responsável pela maior presença de riffs e solos, que eram realmente raros em suas músicas, evidenciando bem mais o lado metal da banda. Além disso, o disco trazia também um desempenho fantástico de Simone Simons, que agora cantava em linhas vocais mais fáceis e cuidadosas. Isso se refletia nos shows da banda, que eram quase sempre marcados por um rápido desgaste na bela voz da cantora. Quem já viu alguns vídeos da banda ao vivo há de concordar.
Apesar de a mudança ter sido positiva, ela não foi tão recebida assim pelos fãs mais sedentos. Felizmente, com o tempo, ela foi bem absorvida e hoje muitos deles apontam Design Your Universe como um dos melhores da discocrafia do grupo. Requiem For The Indifferent mantém a proposta do seu antecessor, com menos peso, mas bem mais complexo e ambicioso.
Depois da introdução "Karma", "Monopoly Of Truth" já mostra uma exploração maior dos elementos progressivos presentes no último disco. A faixa possui diversas mudanças de andamento, transitando entre passagens pesadas, épicas e suaves com facilidade, além de trazer belíssimos coros e os costumeiros arranjos orquestrais caprichados. "Storm The Sorrow" é mais cadenciada e possui um refrão bem grudento, assim como pesada e dramática "Internal Warfare", que ainda tem um excelente duelo de teclado e guitarra. A faixa-título "Requiem For The Indifferent" segue os arrojos de "Monopoly Of Truth", mas com um clima bem mais carregado e com transições precisas entre vocais limpos e guturais. A bela "Delirium" entra para a seleta lista de baladas da banda, com Simone Simons mostrando sua habitual força interpretativa ao cantar músicas mais lentas, sempre com muita emoção.
Depois do interlúdio no piano "Anima", "Guilty Demeanor" surge com grande destaque nos arranjos sinfônicos, certamente é a que mais lembra os discos anteriores da banda. Em contraste, a semibalada "Deep Water Horizon" tem uma levada acústica um pouco atípica nas músicas do grupo, e possui os melhores versos do disco. Em "Stay The Curse" os guturais de Mark Jansen tomam a frente, a mais pesada do álbum, alternando riffs grooveados com orquestrações bem carregadas. Em "Deter The Tyrant" as alternâncias se tornam mais gritantes, entre coros superdramáticos e riffs melódicos à la power metal. "Avalanche" é outra balada. Começa tranquila como "Delirium", mas é outra onde as mudanças de andamento se tornam destaque. E é com mais dessas mudanças que o disco se encerra na épica "Serenade Of Self-Destruction", uma composição intrumental com coros, narrações e um clima dramático que chega a soar teatral em alguns momentos.
Requiem For The Indifferent é um bom disco. É mais técnico e melhor estruturado, e o trabalho nas guitarras está excelente, principalmente os solos. Por vezes, chega a lembrar o Mayan, um outro projeto de Mark Jansen. Mas cabe algumas ressalvas. Apesar de a técnica da banda ter melhorado sensivelmente e o intrumental ser bem arrojado em alguns momentos, os elementos progressivos são usados à exaustão, principalmente na segunda parte. Não é um disco de fácil assimilação, é preciso ouvi-lo com atenção, mas o abuso dos elementos progressivos torna cada audição ainda mais cansativa. O mesmo acontece com os coros e os guturais de Mark Jansen, que são muitas vezes precisos, mas por outras vezes soam até incovenientes. É uma clara tentativa de Mark Jansen de tirar o Epica de sua zona de conforto e inovar. Uma tentativa válida, mas, infelizmente, não muito proveitosa.
Nota 7,0
Tracklist:
01. Karma
02. Monopoly On Truth
03. Storm The Sorrow
04. Delirium
05. Internal Warfare
06. Requiem For The Indifferent
07. Anima
08. Guilty Demeanor
09. Deep Water Horizon
10. Stay The Course
11. Deter The Tyrant
12. Avalanche
13. Serenade Of Self-Destruction
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