domingo, 8 de julho de 2012

Review: Kreator - Phantom Antichrist


Por Rodrigo Luiz

Líder do que chamamos de Tríade do Thrash Metal alemão (ao lado de Destruction e Sodom), ou até mesmo de um Big Four alternativo, se adicionarmos o Tankard à esse grupo, o Kreator está de volta com mais um petardo a ser adicionado à sua consistente dicografia, três anos depois de Hordes of Chaos. O nome do mais novo álbum é Phantom Antichrist.

Apesar de sua consistente discografia, a banda deu algumas escorregadas nos anos 90, quando decidiu apostar num som mais industrial, fazendo experimentos que poucos esperariam de uma banda que sempre foi uma das mais viscerais e fiéis ao thrash metal. Alguns fãs se foram, mas a banda ganhou muitos outros. Ainda assim, algo parecia estar errado. A coisa mudou novamente em 2001, com o lançamento de Violent Revolution, uma espécie de volta às origens, mas, desta vez, com um som menos cru e uma maior abragência melódica. Os discos seguintes, Enemy of God e Hordes of Chaos, manteram esta sonoridade e também a qualidade. E agora, Phantom Antichrist chega para mostrar que o grupo ainda tem muitos anos de estrada pela frente.

Depois de “Mars Mantra”, uma introdução instrumental típica dos discos da banda, a faixa-título “Phantom Antichrist” dá início ao play com muita velocidade, num bom trabalho do baterista Ventor com os pedais duplos. Além da velocidade, o que também chama atenção são as melodias de guitarra, bem mais presentes que o normal. “Death To The World” segue o álbum com ainda mais velocidade e melodias, quebradas de ritmo interessantes e um louvável trabalho nas guitarras.

“From Flood Into Fire” é a canção mais diferente do disco, e talvez até da carreira do Kreator. É a mais cadenciada, com um coro melodioso no refrão que lembra um pouco as bandas de viking metal. É também a mais complexa, com inúmeras quebradas de ritmo, tendo lugar até para um trecho dedilhado, e solos melódicos para todos os lados, onde a velocidade toma conta. Uma canção um tanto atípica, que é seguida por uma bem típica. “Civilization Collapse” chega com uma seção rítmica quebrada na bateria, mas logo explode em velocidade e peso, mais do que em todo o disco. Um solo de guitarra completamente insano e um refrão melódico explosivo completam a música que mais lembra o Kreator dos anos 80.

“United In Hate” segue a linha da anterior, exceto por sua introdução acústica. Depois da introdução a velocidade toma conta, mas um refrão à la melodic death surge em contraste, além de alguns versos de Petrozza em um ritmo marcial. Novamente, os destaques vão para os pedais duplos de Ventor e para o trabalho impecável nas guitarras. "The Few, The Proud, The Broken" e "Your Heaven My Hell" mostram que Petrozza tomou mesmo gosto por versos fraseados. Na primeira, eles surgem durante a música, mas, na segunda, não passam da introdução. Outro ponto em comum é a evidente influência do heavy tradicional. À partir daqui, as excelentes atuações de Ventor na bateria e da dupla Mile Petrozza/Sami Yli-Sirniö nas guitarras dão a tônica do disco.

Chegamos ao final do disco, e o panorama não muda muito. "Victory Will Come" traz riffs e solos bastante criativos e um refrão onde a influência do heavy tradicional predomina mais uma vez. "Until Our Paths Cross Again" fecha o disco amplificando esse conceito, com melodias bem peculiares e um clima épico digno de um disco do Moonsorrow ou Ensiferum.

Está certo que a sonoridade da banda mudou um pouco, mas nem o ouvinte mais desatento do Kreator esperava tanta melodia e composições tão ornamentadas. Ainda assim, a banda segue sem perder a sua identidade e com mais um disco contundente, sem qualquer ponto baixo. Além de Ventor e Mile Petrozza/Sami Yli-Sirniö, que estão mais criativos do que nunca e já foram citados inúmeras vezes, cabe destaque também para as letras, que seguem o conceito de "libertação e conflitos internos", abordando temas mais mundanos, dirigindo críticas ao que Petrozza chama de “sociedade decadente e desumana”. Certamente não irá agradar à todos, mas, quem não parou no tempo, irá perceber que as mudanças só deixaram o som da banda ainda mais fresco, mantendo o grupo relevante no cenário atual. Acima de tudo, mostra o Kreator impondo sua qualidade agora, e não tentando reviver o passado.


Nota 9,0

Tracklist:
1. Mars Mantra
2. Phantom Antichrist
3. Death to the World
4. From Flood into Fire
5. Civilization Collapse
6. United in Hate
7. The Few, the Proud, the Broken
8. Your Heaven, My Hell
9. Victory Will Come
10. Until Our Paths Cross Again

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