terça-feira, 23 de novembro de 2010

Anos 80: London Leather Boys

Discos Analisados:

AC/DC - Back In Black (1980)
Judas Priest - British Stell(1980)
Ozzy - Blizzard Of Ozz(1980)
Venon - Welcome To Hell (1981)
Iron Maiden - The Number Of The Beast(1982)
Dio - Holy Diver (1983)
Metallica - Kill´em All(1983)
U2 - War (1983)
Bruce Spingsteen - Born In The USA(1984)
Dire Straits - Brothers In Arms (1985)
Slayer - Reing In Blood (1986)
Guns N´ Roses - Appetite For Destruction (1987)
Motley Crue - Dr. Feelgood (1989)



Antes de falarmos das bandas surgidas nos anos 1980, acho importante abrir espaço para falar de Back In Black, o sétimo disco dos australianos do AC/DC, que apresentava o seu novo vocalista, Brian Johnson, ao mundo, que assumiu os vocais do grupo após a trágica morte de Bon Scott por envenamento alcóolico. Back In Black, é atualmente, o maior disco de rock, e o segundo mais vendido de todos os tempos. Por isso, orgulhamo-nos de Back In Black, clássico do AC/DC.

Agora indo para a história dos anos 80, na Inglaterra, um homem vai até uma loja de feitichismo (leia-se Sex Shop) e começa a comprar vários artigos de couro. Rob Halford não sabia, mas aquele momento iria definir o visual do Heavy Metal daquela década até os dias atuais. Halford levou o visual do couro, taxinhas e até motocicletas para o palco. Como na época ninguém sabia que ele era gay e da onde vinha esse tipo de roupa, todos aderiram, com fervor, ao novo estilo.

O Judas Priest surgiu na Inglaterra, junto com Saxon, Iron Maiden, Tygers Of Pan Tang, Motörhead, Angel Witch, Def Leppard entre outros. Essas banda foram rotuladas como New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM), que traziam mais peso e um lado vocal mais melódico. O movimento deu um gás no Heavy Metal, que estava com as suas principais bandas precurssoras em queda, tanto pelo esgotamento criativo causado pelas drogas, tanto pelo sucesso comercial do Punk na Inglaterra e nos EUA.

Além disso, Ozzy Osbourne saiu da depressão e voltou aos palcos para sua carreira solo com o arrebatador Blizzard Of Ozz, um dos melhores discos de sua carreira solo, com clássicos como Crazy Train e Mr. Crowley. Outro ex-Sabbath iniciou sua carreira nessa década, Ronnie James Dio chegava em 1983 com o renomadíssimo Holy Diver.

Havia também um rock mais leve, que também foi sucesso de vendas. Dire Straits, com melodias, hora simples, animadas e radiofônicas, hora dramáticas, frias e melancólicas, foi uma das bandas que entraram para o seleto grupo de bandas que faziam o rock de estádio. O rock de estádio não é nada mais um grupo de artistas que enchem estádios em qualquer concerto que fazem. Nos shows de grupos assim, geralmente, o foco não está na música, mas sim no entretenimento que eles oferecem das mais variadas maneiras. Pode ser um show com pirotecnias e quebra de instrumentos e efeitos especiais – vide o Kiss; um show que faça toda a platéia se sentir uma só - vide o Queen; ou ainda uma apresentação em que o artista cria uma ilusão de show intimista – vide Dire Straits e The Police.

Bruce Springsteen também foi um artista dos anos 80 que alcançou esse patamar mais elevado de apresentação. Isso se deve ao estrondoso sucesso do disco Born In USA, que tocava até em comícios e discursos políticos, e recebendo o ‘’aval’’ do governo, e elogios mais do precipitados – e equivocados – da crítica, que diziam que Springsteen era a reinvenção e o furuto do rock, os patriotas americanos esgotaram o disco e a canção título. Entretanto, a música não era como o governo pensava. Ela não se tratava do orgulho de nascer nos EUA, e sim das frustrações de alguém e depois ironiza, como se estivesse tudo bem, pois ele nasceu nos EUA.

O ápice das produções de shows caras e grandiosas foi atingido, provavelmente, pela turnê Zoo Tv, do U2, que fazia uma crítica a televisão e seu público. O palco tinha vários telões que exibiam clips de sucesso do momento e conectava canais da tv local, além de mostrar imagens da guerra do Iraque ao vivo. Bono também ligava para a casa branca várias noites na tentativa de falar com o presidente dos EUA.

Enquanto a Inglaterra dava a luz essas bandas de NWOBHM já citadas, nos EUA as bandas usavam maquiagem, salto alto e laquê. Cada vez mais, os homens se pareciam com mulheres. Isso era o Glam Metal, que enchia a programação da MTV e as paradas das rádios com bandas como Motley Crüe, Poison, Ratt, Bon Jovi e Cinderella. As letras dessas bandas falavam basicamente sobre ''diversão'', o que ajudou o sucesso comercial do estilo. Dêem uma olhada num trecho da música Girls, Girls, Girls; do Motley Crüe:

Sexta à noite e eu preciso de uma briga
Minha moto e um canivete
Um monte de gel no meu cabelo fica bem
Mas o que eu preciso para me sentir legal são

Garotas, Garotas, Garotas
Pernas longas e lábios de vinho tinto
Garotas Garotas Garotas
Dançando na Sunset Strip

Revoltados com o rumo Pop que o Metal estava tomando, dizendo que isso era Pop de MTV, ou posers.

Revoltados com o rumo Pop que o Metal estava tomando, dizendo que isso era Pop de MTV, ou posers. Assim, bandas como Metallica, Slayer, Exodus, Megadeth, Testament, Kreator ente outras. Esse foi o Thrash Metal, que inovava ao trazer mais velocidade e agressividade, com letras que falavam sobre assuntos mais polêmicos, como guerra, opressão e violência. Apesar do Venom ser uma banda inglesa, ela está mais associada ao Thrash e ainda, ao surgimento do Black Metal, com o seu disco de 1982, Black Metal.

Mas o Metal foi banido pelos fanaticos religiosos, que queimavam, em praça pública, discos de hard e heavy metal. A primeira dama Tiper Gore fundou uma associação de país que diziam que o metal era obsceno e inadequado para menores. Essa associação conseguiu criar as famosas etiquetas de advertências aos pais (imagem ao lado). Os críticos também amaram odiar o estilo, chamando de repulsivo, ignorante e doentil. Para piorar a fama do metal, um garoto fã do Judas Priest se suicidou, e a banda foi acusada de pôr mensagens subliminares em seus discos. Esse tipo de acusação também veio ocorrer com Twisted Sister e outras bandas Hard & Heavy da época.

Assim a década de 1980 se encerra. O rock mais pesado é reprimido e criticado pela sociedade, mas mesmo assim, consegue um grupo forte e fiel de admiradores, que não ligam para o que as críticas de toda uma sociedade, por mais graves que elas sejam. Os anos 80 definiram o metal até hoje, no quesito visual - ainda que surgiram novos - e no quesito ''imortalidade''. Não importa quantas balas o metal leve, os seus fãs sempre estão crescendo e levando o estilo até o seu patamar mais alto.


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