Quando se pensa em Rock N' Roll, a primeira palavra que vem em sua cabeça, provavelmente, é AC/DC. Pois bem, falando nos australianos, neste post vamos tratar da sua obra propulsora, Highway To Hell.
O ano era o de 1979, o rock em plena efervescência. O AC/DC já havia lançado no mercado alguns discos de grande qualidade como Let There Be Rock (1977) e Powerage (1978), começava a galgar lugar de destaque no cenário, abrindo concertos de bandas como Black Sabbath, Aerosmith e Kiss. Até que em Julho deste derradeiro ano da década de 70, Highway To Hell estava pronto e preparado para alavancar a ascensão definitiva da banda.
O disco emplacou vários hits como a faixa título, Touch Too Much e If You Want Blood. As letras falavam principalmente sobre mulheres, bebida e luxúria, como é o caso da já citada Touch Too Much, Girls Got Rhythm e Walk All Over You. Musicalmente apresentou elementos de rock puro; heavy metal que surgira das mãos criadoras do Sabbath e outros; e blues, juntando tudo num caldeirão e formando um som fervente e inovador, animado e empolgante. Nele há uma amostra da potência vocal de Bon Scott e o porque de ser considerado um dos maiores cantores da história do rock. A cozinha é simples e fica no básico. Nas guitarras, os irmãos Young também não são dois dos mais virtuoses, porém a eficiência de Malcolm com os riffs e bases e a forma com que Angus coloca a alma na música compensam qualquer falta de incríveis habilidades. A tonalidade deste álbum vai de rock frenético à melodias sensuais como a de Night Prowler (curiosamente encerrada com Scott pronunciando a frase "Shazboz nano-nano", uma expressão do TV show "Mork and Mindy" do ator Robin Williams). É inegável a influência da banda e dessa obra, milhões de músicos estão aí para comprovar isso.
Highway To Hell marcou também a entrada de um novo responsável pela produção. Originalmente, quem começou capitaneando o projeto foi o renomado produtor de rock Eddie Kramer, mas Kramer e a banda não chegaram a um consenso sobre alguns métodos de gravação. O posto acabou passando para o então novato na área, Robert John "Mutt" Lange, que devido ao sucesso do álbum, foi mantido para os consagrados "Back In Black" e "For Those About To Rock Salute You". As principais contribuições de Lange para o som do quinteto foi aumentar um pouco os decibéis, principalmente para a bateria de Phil Rudd, além de dar mais espaço tanto para Bon Scott quanto para os vocais de apoio de Malcolm Young e Cliff Williams, ouvidos abundantemente nos refrões.
Capas dos singles Girls Got Rhythm (1979) e Touch Too Much (1980)
Entretanto, dois acontecimentos marcaram negativamente essa era. O primeiro deles é que o álbum não repercutiu somente no campo da música, mas também na área do ocultismo e da religião. O quinteto recebeu muitas acusações de satanismo, muito pela letra de Highway To Hell (Autoestrada Para o Inferno) que supostamente (segundo fanáticos religiosos) fazia apologia ao demônio, quando na verdade a música é uma metáfora ao desejo de acabar com os valores ultrapassados da sociedade, um grito de uma juventude que queria mais liberdade e menos regras. E não parou por aí; a gota d'água foi a história do serial killer Richard Ramirez, grande fã dos australianos. Ramirez costumava vestir uma camisa do AC/DC quando cometia seus crimes, chegando inclusive a deixar um chapéu da banda no local onde atacou uma de suas vítimas. Durante seu julgamento, ele murmurava "Hail Satan" e exibiu o pentagrama gravado na sua palma da mão. Também foi alcunhado de Night Stalker (Perseguidor da Noite), claramente devido ao fato de que sua música favorita era Night Prowler. Tudo isso gerou uma imagem extremamente negativa para o AC/DC, que mais tarde alegou que a referida música falava sobre um rapaz que entrava furtivamente no quarto de sua namorada, sem os pais da garota saberem. De qualquer forma, tiveram que encarar protestos de pais durante seus concertos em Los Angeles, na época. O resultado foi que a sigla AC/DC logo recebeu um falso significado pelos puritanos de plantão: Anti Christ/Devil's Children (Anti-Cristo/Filhos do Demônio). A origem do nome, na realidade, veio das iniciais da parte de trás de uma máquina de costura da irmã mais velha dos Young, significando alternating current/direct current (corrente alternada/corrente contínua).
A outra baixa foi a morte de Bon Scott, em fevereiro de 1980. Consta que Scott passou a noite inteira na bebedeira em Londres, sendo declarado morto no dia seguinte, devido a intoxicação por álcool. Apesar da enorme perda, o grupo decidiu continuar com o então novo vocalista, Brian Johnson, marcando uma nova era para o AC/DC.
Mesmo com essas indesejáveis ocorrências, "Highway To Hell" ficou gravado na história e obteve importantes marcas: foi o primeiro álbum da banda a entrar no top 100 Americano, com o 17° lugar; é o 58° colocado na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame; e alcançou o n° 199 na lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos da revista especializada Rolling Stones. Sem contar que sua canção título é uma das mais tocadas nos funerais que ocorrem na Austrália!
Tracklist:
Highway To Hell
Girls Got Rhythm
Walk All Over You
Touch Too Much
Beating Around The Bush
Shot Down In Flames
Get It Hot
If You Want Blood (You've Got It)
Love Hungry Man
Night Prowler
Integrantes:
Bon Scott - Vocalista
Angus Young - Guitarrista
Malcolm Young - Guitarrista e vocal de apoio
Cliff Williams - Baixista e vocal de apoio
Phil Rudd - Bateria
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