Por Rodrigo Luiz
Continuando as listas dos melhores discos de 2011, o redator Rodrigo Luiz separou aquilo que mais lhe chamou atenção ao longo do ano em uma lista bem diversificada, com bastante heavy metal e jazz e vários nomes menos comentados que valem a pena a conhecer. Confira abaixo e não esqueça de deixar sua opinião.
Apesar de as influências da banda serem notórias, o grupo as joga nas músicas de maneira bem inteligente, criando uma sonoridade só sua. Diversas mudanças ritmicas e harmônicas perfeitamente integradas criam uma atmosfera de imprevisibilade, tendo por trás uma estrutura bastante agressiva que não deixa o disco soar tedioso.
Ouça: "Sweet Enemy"
A Dying Man's Hymn é uma obra conceitual que narra a história de um suicida momentos antes de morrer, precisamente no momento em que ele se joga de um penhasco, como sua capa já sugere. Não é um álbum fácil de digerir, pois o som da banda tem uma levada mais lenta e a sua sonoridade é bem complexa, mas é só ter atenção ao ouvi-lo que ele se torna absolutamente viajante, cheio de detalhes e sutilezas.
Ouça: "The Campfire Ghost's Song"
Nemo - Revolu$ion
A banda francesa chega ao seu sétimo trabalho mantendo o alto nível. Musicalidade poderosa e refrescante, bateria incansável, riffs desconcertantes e linhas melódicas cativantes transmitem perfeitamente toda a frustração da banda em relação ao mundo atual.
Ouça: "Revolu$ion"
Opeth - HeritageHeritage é bem mais acessível se comparado ao restante dos discos do Opeth. Mas, mesmo sendo mais acessível, o disco ainda é complexo, variado e sombrio, que são características predominantes nos outros álbuns. Basta um pouco de paciência e flexibilidade para aceitar esse "novo" som que o disco se torna mais amigável à cada audição. No fim das contas, Heritage é um trabalho excelente.
Ouça: "Folklore"
Beardfish - Mammoth Transitando pelo jazz e o hard rock, a banda tem um intrumental muito bem elaborado, bem como suas letras. Sonoridade moderna com um pé nos anos 70, com influências claras do King Crimson. Está virando moda as bandas resgatarem a sonoridade setentista e o Beardfish mostra porque é uma das que mais recebem prestígio dentre elas.
Ouça: "Tightrope"
Os trabalhos anteriores de Leslie Feist eram mais voltados para o pop, muito harmônicos, melódicos e acessíveis. Em Metals, a bela musicista resolveu revelar um pouco de sua excentricidade musicalmente. Sua voz continua sombria e lamentosa, mas dessa vez amparada por um instrumental bem mais diversificado e complexo, mas conciso ao mesmo tempo, saindo bastante de sua zona de conforto.
Ouça: "Graveyard"
A banda sai da fórmula muitas vezes cansativa do technical death metal, com abordagens em diferentes estilos, tendo lugar até para o jazz em algumas passagens. É uma bela tentativa de abrir novos horizontes à um gênero tão criticado pela mesmice e ainda tem o Christian Müenzner na guitarra... disco incrível.
Ouça: "Vortex Omnivium"
Furyu - Ciò Che L'Anima Non Dice
Os italianos do Furyu debutaram este ano com Ciò Che L'Anima Non Dice apostando na brevidade, algo pouco comum entre as bandas progressivas de hoje. O disco tem apenas 31 minutos, mas são minutos intensos de um prog metal bem experimental, cheio de viradas inesperadas e variações alucinantes; em alguns momentos tem até passagens funkeadas. Mais uma banda para acompanhar daqui pra frente.
Ouça: "Finalmente Io Sono"
O duo israelense surpreende no seu segundo álbum, com uma incrível variedade musical, que vai da música árabe à nossa bossa nova, passando pela música africana e chegando até o folk. Além, é claro, do jazz-rock europeu, sua maior influência. Isso tudo conduzido por ataques constantes de guitarras distorcidas e agressivas alternadas com solos de um sax leve e melodioso.
Ouça: "The old Silhouette"
Hiromi Uehara é uma das mais notáveis tecladistas dos últimos anos do jazz e chega com Voice ao seu 5º disco solo. As canções do álbum nos envolvem em suas atmosferas de forma bastante impetuosa e são executadas sempre com uma técnica impressionante, sem falar da alegria e entusiasmo quase infantis de Hiromi, que são simplesmente irresistíveis.
Ouça: "Voice"
Jazz fusion bem elétrico misturado com música latina. Nada de novo se o músico em questão é Al Di Meola, mas o seu mais novo disco está bastante inspirado. Mais ritmos nativos, como os africanos, foram incorporados ao seu som e os violinos ganharam bastante destaque. As intrumentações estão mais experimentais, mas a velha, mas não menos impressionante, exploração do domínio técnico do guitarrista ainda marca presença.
Ouça: "Siberiana"
No seu novo disco, saxofonista Greg Ward imprime novas sonoridades e ideias, mas de forma surpreendentemente natural. Não só Greg Ward, mas também Damion Reid e Joe Sanders, que merecem, e muito, dividir os créditos com o líder do trio. Seções rítmicas sensacionais e um baixo incansável e pulsante servem de base enquanto um saxofone descontrolado conduz as músicas. Um som um pouco difícil de acompanhar, mas delicioso de se ouvir.
Ouça: "Leanin In"
Leprous - BilateralO Leprous é praticamente desconhecido dentro do cenário metálico atual, a não ser como a banda que acompanha o ex-líder do Emperor, Ihsahn, em seus shows. Mas Bilateral vem para pô-la de vez entre as grandes nomes do prog metal atual. Complexo, extravagante, eclético, experimental, diverso e desafiador... progressivo de verdade, ao pé da letra.
Ouça: "Thorn"
Com uma estrutura musical complexa e desenhada ao milímetro, o Gutbucket desafia rótulos e conceitos com muita irreverência e energia em canções espinhosas e imprevisíveis, quase labirínticas, regadas a muitos duetos entre guitarra distorcida/baixo trovejante com melodiosos sax e clarinete. Jazz-rock violento
Ouça: "Fuck You And Your Hipster Tie"
Mantendo sua tradição, o Mastodon lançou um álbum completamente diferente do anterior. The Hunter tem 13 faixas que se discorrem nas mais variadas experiências e sonoridades; há músicas melódicas, pesadas, simples e complexas, para os mais variados gostos. Mas, apesar de diferentes umas das outras, elas têm uma coisa que as conecta: vão direto ao ponto. Sem ritmos desalinhados e longas passagens instrumentais, The Hunter ousa por ser simples e acessível, algo que pouca gente esperaria do Mastodon
Ouça: "The Sparrow"
O projeto era pra ser apenas um hobbie em família no início, mas acabou se transformando num dos grupos mais respeitados da Europa. Não tem como descrever o som dessa banda. Tem muita coisa de muitos estilos diferentes nas músicas: rock, folk, country, jazz, blues, eletrônico e até metal, alcançado graças a uma guitarra bem pesada que aparece sempre com solos cheio de feeling. Outro destaque é a voz poderosa e ao mesmo tempo delicada de Anna Jobs Bender, que dá uma maior leveza ao som da banda.
Ouça: "Dreamscape"
É difícil encontrar algo diferente dentro de um gênero tão banalizado ultimamente como o viking metal, mas o Moonsorrow veio para mostrar para os demais a forma correta de fazê-lo. Com uma vastidão sonora viajante e cheia de alma, os finlandeses relatam em 3 interlúdios e 4 preciosidades épicas a história de um guerreiro vagando entre a terra dos mortos. Atmosférico, hipnotizante, pesado, melódico e belo. Uma pequena obra-prima.
Ouça: "Huuto"
Guthrie Govan na guitarra, Bryan Beller no baixo e Marco Minneman na bateria. Com um trio desses, o que poderia dar errado? Com as melodias como foco principal, o disco mostra a total interação entre os integrantes, cada um consegue mostrar todo o seu brilho.
Ouça: "Sweaty Knockers"
Transitando entre blues, rock, funk e soul, a Tedeschi Trucks Band fez uma belíssima estreia com Revelator. A banda liderada pelo casal Susan Tedeschi e Dereck Trucks (ex-Allman Brothers band) mistura tudo isso, e o resultado é um southern rock simples, mas muito bem temperado com a ajuda de músicos muito talentosos.
Ouça: "Until You Remember"
Steven Wilson - Grace For Drowning
Em Grace For Drowning, Steven Wilson mostra um alcance musical inimaginável, indo do prog rock tradicional, passando pelo jazz, e até mesmo pelo trip hop em alguns experimentos eletrônicos. E tudo isso de forma natural, por mais difícil que essas transições entre os estilos pareçam ser, e são. É técnico, diversificado, experimental, mas ainda assim profundo e cheio de feeling. Um disco fora de qualquer definição racional, só ouvindo mesmo pra entender.
Ouça: "No Part Of Me"
3 comentários:
Não conhecia esse Aristocrats, hard rock bem legal. Mas esse disco do Introitus achei bem fraco.
E os três últimos discos, do Appearance Of Nothing, Nemo e Sky Architect não ouvi, mas a julgar pelo música do vídeo, parecem bem razoáveis.
E mais uma vez Tedeschi Trucks Band e, no topo, Steven Wilson. Merecem.
Cara, como não houve nenhum furor ao redor do lançamento do Aristocrats? Pelo menos eu não sabia de nada até ver sua lista. Assim como o Furyu, não achei nada nem no prog archives.
Quanto ao Sky Architect, sei não... o Excavations of the Mind foi um dos melhores álbuns prog de 2010, já o A Dying Man's Hymn não convenceu.
Também pensei nisso, até me assustei quando vi os integrantes. Os três são conhecidos, e o Marco Minneman mais ainda depois de participar das audições do Dream Theater. O Furyu eu "descobri" por acaso na Encylopaedia Metal, bem sem querer mesmo.
Quanto ao disco do Sky Architet, eu gostei bastante, não mais que o Excavations Of the Mind, mas ainda assim, excelente.
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