sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

20 Melhores Discos de 2011 - Lista #3


Por Gabriel Albuquerque


De parcerias gigantescas à novos fenômenos mundiais, passando por estréias promissoras: 2011 foi um ótimo ano para a música. Seja no hip hop, na cena indie/alternativa ou no heavy metal, uma banda ganhou destaque trabalhando com competência e criatividade. Nessa lista compilei aqueles lançamentos que mais me chamaram a atenção entre os mais diversos gêneros musicais. Como sempre, a música não para. Basta irmos de encontro a ela.

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20. Graveyard - Hisingen Blues

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Hard rock feroz, áspero, rápido e destemido temperado por uma deliciosa produção setentista. Por vezes maluco e desenfreado, por vezes viajante. Com uma identidade própria, o segundo álbum dos suecos do Graveyard é do mesmo nível das pérolas do chamado hardão 70. Mais uma prova de que o classic rock não vive apenas das glórias passadas.

Ouça: ''Unconfortably Numb''



19. Yuck - Yuck

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A crítica musical costuma ditar (ou seguir) que aquilo que é complexo e inacessível é genial, e algo simples é descartável, desprezível até. Em seu primeiro disco o Yuck desmente essa norma com uma visita ao som dos anos 90 (em especial ao Sonic Youth) em um disco com guitarras distorcidas diluídas em refrões simplórios que ecoam na mente por um longo período. Simples, mas de forma alguma descartável ou desprezível, porque um bom disco não precisa ser grandioso.

Ouça: ''Get Away''



18. Bixiga 70 - Bixiga 70


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Este coletivo de músicos do underground paulistano revive os mais diversos gêneros musicais africanos, com uma música instrumental extremamente dançante e visceral, mas igualmente bem elaborada e construída em camadas que agregam afrobeat, soul, reggae, dub e ponderados temperos brasileiros. Desde aquele que nunca se deixou conduzir pela música instrumental ao ouvinte detalhista, que atenta à todos os detalhes: é impossível não gostar de Bixiga 70.

Ouça: ''Balboa da Silva''


17. Blood Ceremony - Living With The Ancients

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Um interessante híbrido da flauta folk do Jethro Tull com os teclados místicos do Uria Heep e os riffs e pesados do Black Sabbath. Assim é o segundo álbum da banda canadense Blood Ceremony, que por envereda pelo hard rock cru e áspero e também passeia por longas viagens progressivas - mas sempre mantendo um alto nível em suas composições, que mesmo remoendo o passado, são bem criativas.

Ouça: ''Morning Of The Magicians''


16. Kasabian - Velociraptor!

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Desde seu álbum anterior, o Kasabian é uma das bandas mais interessantes da cena alternativa inglesa. Velociraptor! é a sequência natural de seu antecessor, e demonstras significativos sinais de evolução do grupo liderado por Sergio Pizzorno, com letras inteligentes e arranjos que sabem ser cabeça e divertidos em mesma proporção. Vai desde nuances psicodélicos à baladas emocionadas de fim de namoro com bons ecos de britpop.

Ouça: ''La Fee Verte''


15. Adele - 21

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Em um mundo onde Britney Spears e Lady Gaga são chamadas de divas e roupas e o tamanho da bunda são mais requisitados do que o talento, Adele é uma esperança. Uma prova de que é possível chegar ao topo das paradas utilizando-se 'apenas' de talento; sem corpo escultural ou penteados da moda. É gratificante ver a jovem inglesa de 23 anos com seu vozeirão ocupando o posto da decandete Amy Winehouse e ainda batendo recordes dos Beatles em seu país natal.

Ouça: ''One and Only''


14. The Black Keys - El Camino

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Depois de ganhar o Grammy com Brothers (2010), duo norte-americano The Black Keys volta a trabalhar com o competente produtor Danger Mouse, que soube equilibrar o tradicional hard blues rock da banda com uma roupagem polida, simples e até dançante, mas que não retira o espíto visceral e garageiro do grupo. El Camino marca a transição do Black Keys de ídolo alternativo para panteão do pop.

Ouça: ''Little Black Submarines''


13. Criolo - Nó Na Orelha

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Criolo tem suas raízes no rap, e é ele o seu porto seguro para várias músicas de Nó Na Orelha, seu segundo álbum. Mas o paulista não se prende às barreiras, rigidamente demarcadas, do gênero: ele vai de bolero ao samba, passando pelo quase ragga. Tudo isso sem perder a qualidade, ou deixar de ser rap. A diversidade mais a produção límpida de Daniel Ganjaman e a boa voz de Criolo fizeram o disco sair do pequeno cerco do hip hop underground, elevando para as mais diversas camadas sociais e culturais. Nó Na Orelha ajuda no trabalho da destruição das barreiras do tão fechado mundo do rap, com novas texturas e abordagens e texturas.

Ouça: ''Subirusdoistiozin''


12. Destroyer - Kaputt

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Destroyer é o projeto do canadense Daniel Bejar, líder da banda indie The New Pornographs. Kaputt, seu décimo álbum de estúdio, une batidas sintéticasdos anos 1980 com instrumentos mais refinados, como o saxofone, criando uma atmosfera elegante e graciosa, mas que não se deixa perder da sensibilidade. Uma das mais belas pérolas que ouvimos em 2011.

Ouça: ''Suicide Demo For Kara Walker''


11. The Decemberists - The King Is Dead

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Para o seu sexto álbum, o grupo americano Decemberists contou com a ilustre participação do guitarrista do R.E.M, Peter Buck, e deu uma significante guinada em sua música. O folk bucólico de outrora ganhou vívidas tintas rockeiras com bastante influência de Neil Young e do próprio REM, gerando uma espécie de folk rock que se une às ótimas composições da banda em uma combinação iresistível - seja em rocks sacolejantes como ''Down By The Water'' ou nas baladas acústicas como ''Rise To Me''.

Ouça: ''Down By The Water''


10. Anna Calvi - Anna Calvi

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''O maior acontecimento musical desde Patti Smith'', disse Brian Eno sobre a cantora Anna Calvi. Exageros à parte, esse disco de estréia da inglesa descendente de italianos está recheado de ótimas canções que vão desde o minimalismo susurrado à grandiosos refrões exclamados com potência e vigor. Um álbum cheio de personalidade e boas ideias. Se juntar-se à bons profissionais, Anna Calvi pode vim a se tornar uma grande artista.

Ouça: ''Suzanne & I''


09. Foo Fighters - Wasting Lights

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A maior banda de rock da atualidade, mas razoavelmente boa, o Foo Fighters deve grande o seu sucesso ao sucesso do Nirvana, cujo baterista era seu atual líder Dave Ghrol. Um discografia inteira apenas mediana escorada sempre em Ghrol e nas costas de seu passado. Wasting Lights é um caso à parte. Gravado numa garagem, o álbum cresce com um hard rock puro e direto, sustentado por bons riffs de guitarra e uma bateria pesada em equilíbrio com uma produção polida por parte de Butch Vig e melodias cativantes. Demorou, mas saiu: um atestado (inédito) de independência do Foo Fighters sobre o seu passado.

Ouça: ''Bridges Burning''


08. Tom Waits - Bad As Me

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O lendário Tom Waits voltou com tudo depois de sete anos sem lançar material. Mas diferente de muitos velhos artistas renomados, ele continua fazendo um trabalho de alto nível e qualidade, que o mantém atual e artisticamente vivo e atesta sua posição de um dos maiores compositores dos últimos tempos. Bad As Me é menos experimental do que de costume, prezando por um caminho mais centrado, com músicas mais diretas. Mas é incrivelmente bem construído, tanto em termos de composição, com algumas de suas melhores letras; quanto a música, com uma sonoridade blues dos anos 30 que, em vários momentos, convida o ouvinte para a dança.

Ouça: ''Bad As Me''




07. Charles Bradley - No Time For Dreaming

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Depois de lançar quilates como Sharon Jones e a Budos Band, o selo Daptone continua trabalhando com qualidade. Sua mais nova descoberta é Charles Bradley, que lançou esse ano o seu primeiro disco de estréia. E ainda que com 62 anos, ele demonstra um voz extremamente poderosa e cheia de emoção, que é apoiada pela ótima Menahan Street Band em um tempero setentista. Talvez não haja tempo para sonhar, mas podemos arranjar um para ouvir esse petardo da soul music.

Ouça: ''This World (Is Going Up In Flames)''


 06. Machine Head - Unto The Locust

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Liderado pelo vocalista e guitarrista Robb Flyn, o Machine Head soube fazer um disco pesado e intenso, mas que mantém uma definida linha melódica, fazendo de Unto The Locust um álbum dinâmico e instigamente, mas também cheio de detalhes. Ainda melhor do que a obra prima anterior, The Blackning. E assim o Machine Head se firma entre os principais nomes do heavy metal atual.

Ouça: ''Locust''


05. Tedeschi Trucks Band - Revelator

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Supergrupo liderado pelo casal Susan Tedeschi, vocalista loira com vozeirão de vozeirão negro, e Derek Trucks, membro da Allman Brothers Band e perito em slide guitar. Seu primeiro disco, Revelator, se abstém das conhecidas firulas virtuosas do southern rock e trilha um caminho mais coeso, transitando entre o blues, rock, funk e soul. Esse material bruto é lapidado por músicos experientes e de primeiríssima linha, que criam pequenas obras primas, como a belíssima balada ''Midnight In Harlem'', um verdadeiro diamante.

Ouça: ''Midnight In Harlem''


04. Anjo Gabriel - O Culto Secreto do Anjo Gabriel

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Não há nenhum problema amar o passado e ter prazer pelo antigo. A nostalgia, porém, começa a ser improdutiva quando se soma à aversão e/ou negação do presente e se começa a copiar os clássicos. A Anjo Gabriel faz um kraut-hard-rock-progressivo claramente inspirado em bandas dos anos 1960 e 1970. O seu álbum de estréia, O Culto Secreto do Anjo Gabriel, foi gravado de maneira analógica e lançado vinil, como manda a cartilha setentista. Entretanto, a banda pernambucana não se contenta em imitar os seus ídolos. Ainda que as influências escorram, o grupo, formado por músicos habilidosos e competentes, tem uma sonoridade própria, capaz de reunir, em uma só música, o peso de Deep Purple e Black Saabath com o reggae arrastado do dub. Isso sem os malabarismos técnicos insípidos e tediantes que vem assolando a progressivo atual.

Ouça: ''O Poder do Pássaro Flamejante (DubDeepSabbath)


03. Pélico - Que Isso Fique Entre Nós

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Nos primeiros encontros, Que Isso Fique Entre Nós, segundo disco do guitarrista e compositor paulista Pélico parece tímido e até inofensível; pop açucarado que só faz agradar aos ouvidos preguiçosos. Mas toda essa ideia se desfaz. Aos poucos saimos da linha melódica harmoniosa e nos deparamos com letras melancólicas e angustiadas. Um choque arrebatador, que confunde, desafia o ouvinte e faz todo o disco inverter por completo seu sentido. A sonoridade minimalista e refinada se tornam um contraste (ou complemento) perfeito para letras amarguradas, carregadas de arrependimento e mágoa. Relações condenadas ao fracasso e vidas inteiras são dissecados por uma visão de ironia fria, adulta, sensível e detalhista - um dote reservado apenas aos melhores compositores.

Ouça: ''O Menino'':


 02. Steven Wilson - Grace For Drowning

Em seu segundo disco solo, Steven Wilson, o homem por trás do Porcupine Tree e um dos mais admiradas da cena progressiva, teve participações de nomes lendários do prog. Mas isso não tem grande influência no resultado final da obra. Inspirado pelo King Crimson, o músico adicionou texturas sublimes de acento jazzísticos e eruditos para criação de uma música sutil, delicada e cheia de detalhes que conduzem o ouvinte à uma grande viagem musical.

Ouça: ''Sectarian''


01. Jay-Z & Kanye West - Watch The Throne

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O choque de egos pode ser fatal. Brigas internas já destruiram algumas dos mais prolíficos grupos da história - Beatles e Pink Floyd são algumas das vítimas -, mas na parceria de Jay-Z & Kanye West, os dois maiores egos do rap atual, o resultado foi notavelmente positivo. Watch The Throne é mais do que a união de dois gigantes do hip-hop: é a junção de dois mundos conflitantes dentro do mesmo universo. Kanye traz o seu experimentalismo criativo e Jay-Z entra com o apelo pop, fazendo de Watch The Throne um disco cativante, até viciante. Mas que passa longe das vulgaridades repetitivas e obvidades tão incômodas no gênero.

Ouça: ''No Church In The Wild''

3 comentários:

Serão Grace For Drowning e Revelator unanimidades?

Gostei dos álbuns de Destroyer e Anna Calvi, bem sofisticados. Já o Machine Head quase não desce, acho que houve melhores discos de metal no ano.

Anjo Gabriel, outro bom disco, surpresa nacional.

Só achei meio non-sense e até um pouco engraçado o comentário no disco do Foo Figheters. A banda já não é vista como "banda do ex-baterista do Nirvana" ou algo do tipo desde o The colour and the shape, lançado há 14 anos atrás! meio sem sentido dizer que esse é o primeiro atestado de independecia da banda ( na verdade, é a primeira vez que ouço alguem falar isso da banda em 14 anos), olha que acompanhei de perto tanto a carreira do Nirvana quanto a do Foo fighters desde o primeiro disco de cada uma. Ou vc começou a ouvir Foo Fighters esse ano ou deu uma exagerada das boas.

Mas a seleção ficou bacana, vou ouvir os discos que ainda não conheço

Abraços, Fábio.

Fábio, o Foo Fighters, desde seu começo, já era uma banda famosa e esperada, justamente por causa do Dave. E em minha opinião, sempre fez discos razoavelmente bons; satisfatórios, o que o permitiu continuar no topo. Mesmo seguindo a linha dos discos anteriores, o Wasting Light é de qualidade bem superior aos demais, e por isso vejo como a independência da banda.

Quais discos da lista você não ouviu?

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