Por Gabriel Albuquerque
Fundado por Roberto Medina, em 1985 o Rock In Rio trouxe ao Brasil os maiores nomes do rock da época, colocando a terra do samba na rota de grandes shows internacionais. O festival também marcou politicamente: naquele ano a ditadura caiu, e a área de 250 metros lotadas em shows de Ozzy Osborne e Iron Maiden simbolizaram a democracia e a liberdade de expressão.
Vinte e seis anos da primeira edição do Rock In Rio, o festival volta ao seu país de origem depois de várias edições mal-sucedidas em Lisboa e Madrid. Entretanto, o destaque já não é mais o rock e a música tornou-se apenas um pretexto para ganhar dinheiro.
Depois dos fracassos na europa, o festival consulta as paradas e músicas mais tocadas nas rádios para formar a programação. Um golpe certeiro para atrair público e aumentar os lucros, mas que abocanha grande valor cultural e qualidade artística.
É verdade que há bons shows: Elton John e Stevie Wonder (mesmo sendo garantido que aqueles hits bregas oitentistas vão aparecer); Céu com João Donato; Milton Nascimento com Esperanza Spalding; Janelle Monaé; Red Hot Chilli Pepepers; e os indispensáveis Metallica e Motorhead. Entretanto, 220 reais é um preço exorbitante para apenas um show, e quem for, por exemplo, ver o Coldplay e quiser algo mais, só restará bandas nacionais que tocam frequentemente em todo lugar do país por um ingresso bem mais convidatido.
A pouca presença do rock - que ainda é manchado com atrocidades como Glória e Nx Zero - até poderia ser recompesada se tivesse bons nomes do pop, mas preferiram ignorar grandes artistas como Lady Gaga e Beyoncé que sempre fazem apresentações interessantes e aclamar o som bobo e infantil de Ke$ha, Katy Perry, além das letras horríveis de Cláudia Leitte.
Enquanto na gringa acontece um grande festival em quase todo mês, o Brasil, apesar das melhorias, ainda é carente nesse quesito. Assim, com a grande atenção da mídia mais centenas de patrocinadores (que vão faturaM mais de 120 milhões de reais) que vão de chicletes, cerveja, banco e montadora de carro, a grande maioria do público, que aceita tudo que lhe é imposto, vai saudar o Rock In Rio como um dos maiores eventos musicais do país. E até já foi, mas agora o Rock In Rio é uma grande marca que não enxerga nada além do lucro. Alto valor comercial, baixíssimo valor cultural.
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