Por Gabriel Albuquerque
Quem conhece o Queen apenas por ''Radio Gaga'', ''Bohemian Rhapsody'', Under Pressure'' e outros mega hits não tem noção da sua importância para o rock e a música pop de um modo geral. Os grandes sucessos do Queen subtraíram a sua carreira para o seu momento de maior sucesso comercial, que está muito abaixo do nível de qualidade dos primeiros discos da banda inglesa.
Certamente, eles não foram os primeiros a fundir o erudito e o popular, como alguns apontam. Mas equilibraram os ''extremos'' com maestria. No começo da carreira, fizeram um ótimo hard rock e com um tempo deram uma pincelada no rock progressivo.
Nos seus últimos anos, fazendo shows estádios lotados quase todo o mês, o Queen mergulhou nos sintetizadores e na música pop, e foi aí que a banda emplacou um hit atrás do outro. Mas também foi nessa época que os ingleses definharam, musicalmente falando. Se você vai começar a ouvir a banda de Brian May (sim, ele que fundou a banda, Freddie Mercury chegou depois), o seu ponto de partida está nos três discos abaixo.
Queen II (1974)
Mesmo com contrato assinado, a Trident Records não levou o Queen muito a sério. Mas depois da banda conseguir boas posições nas paradas inglesas, a gravadora percebeu que naquela árvore tinha fruta boa. Assim, para o Queen II a banda teve acesso as mais modernas técnicas de produção e gravação.
A arrebatadora ''Seven Seas of Rhye'' foi a principal responsável pelo sucesso do disco, mas sua genialidade vai muito além. ''Ogre Battle'' já havia sido composta há um bom tempo, mas a banda tinha planos maiores para ela e não a incluiu no primeiro disco, esperando para gravá-la quando tivesse maior liberdade de experimentação em estúdio. E assim ela se tornou uma das mais complexas músicas do Queen.
Dos lamentos de Freddie Mercury ao piano em ''Nevermore'', passando pelas melancólicas seções acústicas de ''White Queen'' até as viagens pelo rock progressivo em ''Ogre Battle'' e ''Fairy Feller's Master Stroke'', inspirada pelo quadro de mesmo nome de Richard Dadd, o que se ouve é uma banda madura e ambiciosa, mas concisa, que sabe exatamente o que quer.
O produtor Roy Thomas Baker dá o toque final modelando as ideais grandiosas de Mercury e do guitarrista Brian May neste que é decididamente o melhor disco da banda.Queen II é a gênese do mais bem sucedido A Night At The Opera.
Dos lamentos de Freddie Mercury ao piano em ''Nevermore'', passando pelas melancólicas seções acústicas de ''White Queen'' até as viagens pelo rock progressivo em ''Ogre Battle'' e ''Fairy Feller's Master Stroke'', inspirada pelo quadro de mesmo nome de Richard Dadd, o que se ouve é uma banda madura e ambiciosa, mas concisa, que sabe exatamente o que quer.
O produtor Roy Thomas Baker dá o toque final modelando as ideais grandiosas de Mercury e do guitarrista Brian May neste que é decididamente o melhor disco da banda.Queen II é a gênese do mais bem sucedido A Night At The Opera.
A Night At The Opera (1975)
Por quase todo o disco, o que se houve é uma música limpa e simples. Quase ingênua. Entretanto, está em A Night at The Opera a maior música do Queen; aquela que a elevou ao status de lenda do rock: ''Bohemian Rhapsody'', que mistura um piano lúgrube, solo de guitarra afiado e vocais operísticos que exigiram 180 overdubs e mais de 70 horas de estúdio para serem gravados. ''Não foi tudo gravado de uma vez. O Freddie vinha sempre com uma idéia diferente e dizia que queria colocar uns 'galileos' na música. A parte da ópera foi gravada em mais ou menos sete dias, nos quais se cantava de 10 a 12 horas diárias. Depois, havia todas as guitarras superpostas e foram mais dois dias. 'Bohemian Rhapsody' levou três semanas para ficar pronta.'', relembra o produtor Roy Thomas Baker.
A música de sete minutos composta por Freddie Mercury, um apaixonado por ópera e canto lírico que prometeu ''levar o balé as massas'', sobre um menino pobre condenado a morte depois de assasinar um homem com um tiro na cabeça tornou-se um clássico indiscutível da história do rock. Uma sinfonia impressionante e tão importante quanto qualquer uma já escrita por Beethoven ou Bach.
As colagens sonoras da voz de Mercury também aparecem na quase cacofônica ''Prophet's Song'', sobre os massacres aos índios durante a exploração do oeste americano.''Death On Two Legs (Dedicated To...)'', que o vocalista escreveu para o seu ex-manager Norman Sheffield também é pesada e raivosa. Em contraste, ''39''', ''Lazing On A Sunday Afternoon'' e ''Seaside Rendezvous'' são simples e doces.
As colagens sonoras da voz de Mercury também aparecem na quase cacofônica ''Prophet's Song'', sobre os massacres aos índios durante a exploração do oeste americano.''Death On Two Legs (Dedicated To...)'', que o vocalista escreveu para o seu ex-manager Norman Sheffield também é pesada e raivosa. Em contraste, ''39''', ''Lazing On A Sunday Afternoon'' e ''Seaside Rendezvous'' são simples e doces.
Outro hit do álbum foi ''Love Of My Life'', que teve um sucesso maior na ámerica do sul. No show da banda no lendário Rock in Rio de 1985, foi cantada em uníssono por todos os presentes.300 mil pessoas.
News Of The World (1977)
Apesar de muitos associarem a fase pop do Queen aos anos 1980, com músicas como ''Radio Gaga'' e ''I Want to Break Free'', a banda começou a remodelar o seu som em 1977, com News Of The World. Para que se houvesse impacto mais imediato, a guitarra foi amansada e as canções presavam a melodia, como a batida sacolejante de ''Fight From Inside'', a sentida ''My Melancholy Blues'' e ''Spread Your Wings'', uma balada de refrão contagiante sobre liberdade e independência.
Mas a maior prova de que a sonoridade, o público alvo e os anceios mudaram são as duas primeiras faixas, as mais conhecidas da banda. Os hinos, criados por May e Mercury respectivamente, para fazer um estádio inteiro se unir e cantar junto: ''We Will Rock You'' e ''We Are The Champions''.
Entretanto, em News Of The World o Queen, ao adaptar seu som para um formato mais comercial e radiofônico, não perdeu sua integridade e qualidade, o que viria a acontecer mais tarde em discos como ''Hot Space''.
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