quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Review: Chthonic - Takasago Army

Por Rodrigo Luiz

Bastante conhecida no Oriente, a banda taiwanesa Chthonic é uma das bandas que melhor consegue misturar o Black Metal com os elementos de sua terra natal. Depois de deixar um pouco de lado as influências nórdicas dos primeiros álbuns, a banda vem evoluindo bastante, tomando como ponto de partida as tradições asiáticas e mesclando com muito bom gosto o metal extremo com vocais líricos taiwaneses e violinos orientais, amplificando o conceito de "orient metal".

Este disco é o que finaliza a Souls Repoused Trilogy, iniciada no álbum Seediq Bale, em 2007. A trilogia tem como referência a independência de Taiwan e conta a história do povo Seediq, uma tribo indígena que vivia nas montanhas de Taiwan, especificamente no Monte Wushe. Os soldados Takasago eram decendentes desse povo, que sempre fora conhecido pela sua forte tradição guerreira, e combateram ao lado do exército japonês durante a 2ª Guerra Mundial, se tornando uma das unidades mais temidas do Exército Imperial Japonês. Para saber mais sobre a trilogia, clique aqui.

Agora vamos ao que interessa: a música. A canção que abre o disco é "The Island", uma introdução totalmente instrumental, que começa meio intimista, mas logo ganha contornos épicos e um clima até meio bélico, com uma profusão de instrumentos tradicionais. A faixa seguinte é "Legacy Of The Seediq", que possui uma estrutura simples e um refrão complexo, com uma discreta participação dos elementos orientais enquanto Freddy Lim solta seus urros.

A seguir temos "Takao" (Confira o clipe abaixo), uma faixa diferente do que a banda está acostumada a fazer. Ela abre com um coro discreto e conta uma cítara acompanhando as guitarras em alguns momentos, funcionando como um pequeno interlúdio dramático na brutalidade, e tem um refrão em coro à la viking metal. Destaque para Freddy Lim, que apresenta diversos registros guturais.

A próxima faixa é "Oceanquake", que possui ótimos diálogos entre as guitarras e a hena, o violino de duas cordas, e tem boas alternâncias entre passagens melódicas e outras mais pesadas, além de um ótimo solo. "Southern Cross" abre com uma tranquila flauta indígena, mas logo ganha velocidade, com riffs complexos e solos intensos, numa ótima atuação do guitarrista Jesse Liu. "Kaoru" é uma das mais pesadas do disco, com destaque para a bateria de Dani Wang e para Freddy Lim, com seus sussurros fúnebres. No conceito do disco, essa música representa uma derrota, que é bem representada pela melancólica hena e pela participação da cantora Tsiam Nga Bunna em um solo vocal. Você pode não entender nada do que ela diz, mas o sentimento de derrota fica explícito.

"Broken Jade" é a próxima faixa. A canção é bem direta, possui um começo mais melódico, mas logo ganha peso, com muitas mudanças de andamento, tendo a hena como tom contrastante. No fim da música, enquanto Freddy Lim canta o refrão, ouve-se a voz do imperador do Japão na época, Hirohito, num discurso radiofônico, dando a notícia da derrota, três dias depois da destruição de Nagasaki. "Root Generation" serve como um descanso, é um pequeno interlúdio onde se ouve apenas uma singela flauta em meio a sons da natureza e uma reza aborígene.

Depois desse descanso, "Mahakala" vem para acelerar as coisas novamente. É uma música essencialmente black metal, tendo os solos de guitarras e henas como nota melódica. Excelentes notas melódicas aliás, que dialogam bem durante um ótimo solo. E finalmente temos "Quell The Souls In Sing Ling Temple”, com guitarras e bateria incansáveis num ritmo frenético. No meio da música, depois de uma passagem instrumental bem oriental, ela muda completamente e assume uma estrutura bem melódica. Uma das mais completas do disco.

É perceptível o grande envolvimento dos integrantes da banda com o conceito do disco, e isso contribui muito para o resultado final, contando com o fato de que os as canções em sua maioria têm forte expressão de patriotismo e luta por liberdade. O Chthonic neste disco prima pela execução e pela originalidade, mas também por expressar tão bem através de sua música um conceito cultural de uma civilização que sempre lutou para ser livre. Certamente um dos melhores álbuns do ano dentro do estilo.


Nota 10


Tracklist:
01. The Island
02. Legacy Of The Seediq
03. Takao
04. Oceanquake
05. Southern Cross
06. Kaoru
07. Broken Jade
08. Root Generation
09. Mahakala
10. Quell The Souls In Sing Ling Temple


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