Por Gabriel Albuquerque
Não se deixe enganar pelo nome. A banda Pão de Hambúrguer vem despontando como um dos nomes mais promissores do verdadeiro rock nacional em meio a incrivelmente fértil e derivada cena independente curitibana. Com três guitarras no volume máximo, a banda constrói letras inteligentes, mas não abre mão da diversão.
Já elogiada por pilares do cenário roqueiro curitibano, o Pão já lançou dois EPs, disponíveis para download gratuito em seu site, e um DVD gravado no teatro Guairinha. A banda já está planejando o seu primeiro álbum, só com músicas inéditas.
Conversamos com o baixista Bruno por email. Confira a entrevista e, claro, conheça o som dessa ótima banda de rock.
A banda começou por sarro. Mas músicas como ''Ontem e Hoje'', ''Homem do dia'', ''Senhor Dalí'' e ''Oh Pai!'' têm letras mais trabalhadas e que não vão além de uma simples diversão. Essa mudança é planejada pela banda ou foi consequência da evolução do grupo?
Antes de eu entrar na banda (e antes do Joel também), a formação era o trio Rennan (bateria), Léo (baixo) e Gabriel (guitarra e voz). Eu tive a oportunidade de acompanhar vários shows com a antiga formação e posso garantir que o humor e a diversão faziam parte das músicas e dos shows. Músicas, hoje meio esquecidas, como "Menina Molhada" e "Enxaqueca", eram sim músicas engraçadas, mas muito bem trabalhadas também. Com o tempo, a chegada de outros integrantes e as frequentes apresentações da banda, a coisa foi ficando um pouco mais séria (não menos humorada). Vimos que as nossas músicas poderiam ter um impacto mais expressivo do que só humor, saca?! Dá pra dizer que foi uma evolução esperada. Planejada, não.
A cena musical curitibana atual é bastante fértil. De lá temos bandas como Koti e Os Penitentes,Chucrobillyman, Delta Cockers, Uh La La, Diedrich... Como o Pão de Hambúrguer se destaca das demais?
A cena aqui é tão fértil, que parece que cada banda, tem seu próprio som, característico. Então para se destacar aqui, vale até tocar de cuecas (como Uh La La já fez ), ou cantar emitindo som de galinhas (no caso do Chucrobilly), ou simplesmente fazer um show impactante, com três guitarras no talo, quatro vocais bem trabalhados e a ideia de fazer com que o público sinta a nossa música e energia. Normalmente é assim, num show bem inspirado, que agregamos mais fãs e deixamos nosso recado.
Muitas bandas independentes costumam participar de concursos e festivais. O Pão de Hambúrguer está incluído nesse meio. O que você acha desses tipos de eventos e de seu público?
Já participamos de festivais e também de alguns concursos e, com o tempo, fomos percebendo que esses eventos são mera publicidade dos próprios (com exceção de raras ocasiões). Veja bem, para as bandas independentes, parece um ótimo negócio. Tocar para um público, às vezes diferente (ou maior) do que costume, às vezes tem uma chamada na rádio, sem contar a interação das bandas, mas são raras às vezes em que as bandas ganham por divulgar o próprio trabalho. Pelo contrário! Praticamente em todos os concursos, as bandas tem é que desembolsar os próprios custos para poder entrar. Por isso, é uma escolha difícil, sempre: ou você gasta do próprio bolso e vai até onde o público vai estar, ou continua no mesmo circuito de bares ganhando, não muito ou até nada, pro mesmo público de todas as sextas.
O primeiro material ''oficial'' lançado pela banda foi o DVD gravado ao vivo no famoso teatro Guairinha. Como surgiu a ideia de gravar? e por que começar com um DVD e não um CD, como geralmente acontece?
Foi uma oportunidade bem ocasional, afinal não tínhamos grana pra gravar um CD, muito menos a ideia de gravar um DVD. Mas, depois de receber um convite pra tocar com a banda Trem Fantasma (na época, lançamento da nova formação da piazada) e no Teatro Guairinha, o meu velho (e o Rennan) nos deu, não só a ideia, mas também a ajuda que precisávamos pra por em prática a gravação. E não só ele, mas também os vários amigos que temos, nos ajudaram com produção, captação, edição e até a arte final. E o resultado é um DVD maneiríssimo, feito total e exclusivamente de forma independente.
O Pão de Hamburguer recebeu elogios de figuras curitibanas notáveis, como Fábio Elias, do Relespública. E ainda tocou junto com outra banda grande da cena, o Blindagem. Como esse pessoal conheceu a banda? E como foi tocar ao lado deles?
A banda já tem um bom tempo de estrada (acredito que em torno de sete anos), e conforme a gente foi tocando, conhecendo outras bandas, formando um público fiel, consequentemente acabamos tocando com grandes músicos. Tocamos uma vez com a Reles, antes do fim (e da volta), e gravamos um EP com o Moon, batera da Reles. Mas, pra mim, nada como ter tocado com um grande músico da nossa cidade, o Ivo e a Blindagem. E, pelo fato de ele não estar mais entre nós, é com carinho que guardamos essa recordação!
Tocar com o Blindagem foi um grande marco pra banda. Estávamos com nossa formação original bem recente, e foi uma grande experiência dividir o palco com grandes artistas. Me lembro de o Rennan ficar impressionado com a forma e facilidade com que o "Pato" manejou sua batera naquela noite. Mas nada mais marcante que termos dividido o palco com um grande cara como o Ivo Rodrigues.
Hoje, a internet já é parte do mercado musical. Como você vê a influência da web no trabalha do banda?
Algumas ferramentas vem e vão. A banda começou divulgando o trabalho através do MySpace, e conquistou um bom espaço devido ao seu uso, porém, hoje, acredito não ser mais um bom mecanismo de audição. Com a chegada do Twitter e Facebook na vida da galera, tudo se transformou numa coisa muito maior. Nessas redes conseguimos propagar toda informação da banda, sem exceção: shows, vídeos, fotos, mp3, e até mesmo o que o Léozinho faz aos domingos às 02:13 (risos).
Agora, pra fechar o pacote, estamos em fase de término de nosso site www.paodehamburguer.com . Por enquanto, quem clica, é direcionado ao blog'n'roll do Pão, onde poderá encontrar todas as notícias da banda, inclusive um link pra baixar gratuitamente nosso dois EPs.
Vocês gravaram o acústico Mundo Livre. Como foi a experiência? Já pensaram em levar esse tipo de arranjo para as apresentações da banda?
Foi outra grande experiência. Imagine as distorções de três guitarras, transformadas em arranjos de violões, bandolim, viola de 12... mas não foi só isso! Vimos a oportunidade de transformar nossas músicas, mudamos vários arranjos, convidamos outros músicos (O Trilho, Pasárgada) e isso deu uma cara muito interessante ao nosso som. E tudo isso com o apoio da Rádio Mundo Livre e Nico's Studio, que nos renderam música na rádio e uma faixa no primeiro CD Acústico Mundo Livre, onde gravamos nossa versão acústica pra "As Noites Não Mudaram", com uma flauta transversal bem executada por nossa prima Fernanda Fausto. Gostamos tanto que levamos essa versão pros nossos shows, e depois disso, músicas novas também tem outra cara. Experimentamos arranjos, outros instrumentos, evoluindo nosso som. Músicas inéditas já estão em fase de produção, e podemos garantir que arranjos diferentes dos que já costumamos fazer, estão nos planos.
Soube que a banda foi aprovada no Fundação Cultural de Curitiba para lançar o primeiro CD do Pão de Hambúrguer. Já tem alguns planos? Podemos esperar músicas inéditas?
Vários planos. Nossa intenção é gravar somente inéditas (já estamos apresentando algumas em shows), tentar produzir um CD coeso, com a cara da banda. Toda a experiência e tudo o que já passamos, é nossa maior inspiração pra lançar um CD bem trabalhado e com hits suficientes pra tocarmos no Domingão do Faustão e passar no TOP 10 da MTV (risos). Mas, sério, esperamos agradar a todos os nossos fãs e agregar outros vários, mostrando que o rock não morreu não e, se depender da gente, não vai morrer tão cedo!
Conheça o som da Pão de Hambúrguer
Assista ao clipe de ''Ontem e Hoje'' e a banda tocando ao vivo ''Princesinha do Tio'', do seu DVD no teatro Guairinha:
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