Líder criativo da banda indie The New Pornographs, o canadense Daniel Bejar já mantém uma carreira solo com o seu projeto Destroyer há 16 anos, mas que só veio a ser reconhecida, tanto pelo público quanto pela crítica, esse ano. O motivo é seu décimo e mais novo álbum: Kaputt.
Lançado em janeiro e carregado de influências de Brian Ferry e seu Roxy Music, Kaputt une batidas eletrônicas de sintetizadores, oriundos anos 1980, com o som do mais refinado do violão do saxofone. O sintético e o orgânico se juntam à voz mansa e arrastada de Daniel e criam uma atmosfera leve e delicada. Mas tudo é feito de modo natural, não cai nas armadilhas do pieguismo.
O álbum é construído em volta das melodias de soft rock, com algumas deliciosas nuances de jazzísticas. Se destacam o beat rock ''Savage Night At The Opera'' ''Chinatown'', ''Suicide Demo For Kara Walker'', ''Downtown'' e faixa título, Todas donas de uma beleza sublime sutil, mas que não tiram os pés do pop.
Mesmo que a voz de Bejar tenha papel principal em algumas das melhores faixas, o saxofone é que se sobressai. Tanto no standards em ''Suicide Demo'' quanto nos toques sutis, quase que imperceptíveis, de ''Blue Eyes'', o instrumento é que predomina e que define o clima suntuoso ao longo dos cinquenta minutos de som.
E ainda que todas sigam a linha do soft rock, as músicas tem uma personalidade diferente entre si, o que não transforma o álbum num pastiche, enquanto que as batidas eletrônicas, usadas moderadamente e com bom senso, impedem que Kaputt caia no abismo do tedioso - onde estão atualmente Bon Iver e Fleet Foxes.
Da abertura ''Chinatown'' até o encerramento com os onze minutos da épica ''Bay Of Pigs'', todas as faixas se transformam em predileta. Honesto e natural, a beleza de Kaputt está acima de qualquer hype passageiro. E assim permanecerá como uma pérola da música pop.
Nota 9,0:
Tracklist:
1. Chinatown2. Blue Eyes
3. Savage Night At The Opera
4. Suicide Demo For Kara Walker
5. Poor In Love
6. Kaputt
7. Downtown
8. Song For America
9. Bay Of Pigs
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