domingo, 25 de dezembro de 2011

Review: Anna Calvi - Anna Calvi


Por Gabriel Albuquerque


Cantora inglesa filha de pai italiano, Anna Calvi já vem se destacando na cena musical inglesa desde o ano passado. Em 2010, sem ter gravado um disco sequer, abriu shows de Interpol e da banda de Nick Cave, Grinderman. O lendário Brian Eno não teve medo e declarou: ''Anna Calvi é o maior acontecimento musical desde Patti Smith''.

Exageros à parte, a jovem de 29 anos vem fazendo um trabalho soberbo, ainda mais se levarmos em conta seu breve tempo de experiência. Seu primeiro disco, auto-intitulado, foi lançado esse ano e já lhe rendeu uma indicação ao prestigiado Mercury Prize, espécie de Grammy britânico.

O álbum também foi bem nas vendas, entrando em várias paradas européias e alcançando a posição de número 17 na França. Feito bem peculiar para um disco que tem interpretações calorosas em versos como ''O demônio virá'' e uma música/single que fala notavelmente sobre lesbianismo, ''Suzanne & I''.

Tudo começa com a instigante ''Rider To The Sea'', introdução que logo remete aos temas 'westerns' de Ennio Morricone, que cresce lentamente até um crescendo furioso que de surpresa dá lugar ao minimalismo de ''No More Words'', cantada quase como um susurro. Canções mais leves reaparecem em ''Blackout'', a mais pop do disco, e no encerramento, com ''Morning Light'' e ''Love Won't Be Leaving''.

Mas os melhores momentos são as faixas mais épicas e com linhas grandiosas e batida visceral, como ''Desire'' e ''Suzanne & I'', onde introduções calmas crescem até uma explosão de influências de PJ Harvey, Siouxsie and the Banshees e Patti Smith.

''First We Kiss'' e ''I'll Be Your Man'' começam ingênuas, malemolentes, até serem apunhaladas por inesperados coros vocais e golpes orquestrais, respectivamente. Durante essas frequentes alternâncias entre o mínimo e o grandioso, o singelo e o épico, Anna Calvi se mostra uma grande artista, provida de imensa versatilidade e com grande habilidade para criar as mais diversas texturas em sua Fender. Além de uma intensa carga emocional arrebatadora.

De talento inegável, Anna Calvi caminha para se tornar uma das artistas mais originais de seu tempo. A iniciativa foi tomada. E o potencial é grande: denso, com letras e instrumentação adulta, e levemente experimental, sua estréia é um dos melhores discos do ano.



Nota 9,5



Tracklist:
1. Rider To The Sea
2. No More Words
3. Desire
4. Suzanne & I
5. First We Kiss
6. The Devil
7. Blackout
8. I'll Be Your Man
9. Morning Light
10. Love Won't Be Leaving



2 comentários:

Muito legal esse disco. Bem dark. Gostei...

Também gostei bastante. Um dos melhores do ano, na minha opinião.

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