Por Gabriel Albuquerque
Já faz um bom tempo que Chico Buarque não passa de um memória para música brasileira e de reconforto para corações nostálgicos. Antes um artista inquieto, que não se contentou com a imagem de bom moço e passou a tecer críticas ferozes à sociedade e ao regime militar, a música Chico estava à mais de uma década ligada apenas à coletâneas que trazem sempre o mais do mesmo. Mas esse ano, o músico resolveu sair do casulo e lançar Chico, seu primeiro disco de inéditas em dez anos.
Para a divulgação do material, foi usado um sistema conectado à internet e os novos meios de comunicação - Chico chegou até a fazer uma transmissão ao vivo de seu apartamento apresentando algumas das novas canções.
Por outro lado, o conteúdo do disco é bem mais simples. Como há estabilidade financeira, não há uma grande urgência para o lançamento, e o clima é acessível e descontraído. Os arranjos são minimalistas, a produção linear e as letras são mais simples do que o de costume, ainda que por vezes se perca em divagações poéticas, como na faixa de abertura ''Querido Diário'', com o verso ''amar uma mulher sem orifício''.
O seu relacionamento com a jovem música Thaís Gulin inspirou Chico na hora de compor. ''Essa Pequena'', ''Tipo Um Baião'' e ''Sem Você'' são claramente pessoais e têm belas letras. O samba ''Sou Eu'', sucesso na voz de Diogo Nogueira mas de composição de Chico, com participação do sambista Wilson das Neves, é mais descontraída, e também segue uma linha de assimilação imediata.
Por se tratar de Chico Buarque, uma boa parte do grupo procura algo a mais e outros sentidos em suas letras. Chico não tem nada disso. É um disco simples, com letras doces e instrumental relaxante, perfeito para uma tarde preguiçosa de domingo e para quem busca um som para descansar, mas que também tenha conteúdo.
Nota 7,0
Tracklist:
01 Querido Diário
02 Rubato
03 Essa pequena
04 Tipo um baião
05 Se eu soubesse
06 Sem você nº 2
07 Sou eu
08 Nina
09 Barafunda
10 Sinhá
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