quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Review: Myrath - Tales Of The Sand



Por Rodrigo Luiz

Depois de dois ótimos álbuns, o Myrath ganhou um certo destaque na cena metálica. O fato principal para esse destaque foi o lançamento da obra-prima Mabool, do Orphaned Land, lançado em 2004, que aguçou a curiosidade do público em relação a bandas do oriente médio, que misturam a música árabe com metal (A Tunísia fica na África, mas sua cultura e religião são influenciadas pelos povos do Oriente Médio). Em Hope e Desert Call essa mistura ainda era fresca e diferente, e nos transmitia a sensação verdadeira de estar em um deserto. E neste Tales Of The Sand os elementos árabes ainda funcionam bem, mas pode deixar alguns fãs ressabiados.

Há um cuidado maior com a composição das músicas, e nesse ponto ele é melhor que os anteriores. Elas estão mais curtas e pesadas, talvez para agarrar mais a atenção. Mas por outro lado, é sentida a falta das atmosféricas passagens instrumentais - que compensavam muito o longo comprimento das canções, e também dos coros. Mesmo com músicas mais curtas, a banda não as varia o suficiente para manter o álbum interessante do início ao fim. Há até uma tentativa de soar diferente nos teclados de "Wide Shut" e "Time To Grow", mas a banda custa a sair de sua zona de conforto.

Apesar disso o tem grandes canções. A guitarra de Malek Ben Arbia marca presença com excelentes riffs e solos e o vocalista Zaher Zorgati tem uma atuação de destaque com suas infalíveis vocalizações, além do reforço de Piwe Desfray (Heavenly, ex-Fairyland) na bateria. "Beyond The Stars" e a já citada "Wide Shut" ainda trazem resquícios dos discos anteriores, com boas variações e passagens instrumentais, e "Sour Sigh" e "Down Within" são cheias de feeling, principalmente a segunda, que ainda tem um excelente solo de guitarra. Outro destaque é "Time To Grow", um power metal bem acelerado com excelente performance do tecladista Elyes Bouchoucha. E o disco conta ainda com a impecável mixagem e masterização de Fredrik Nordström e Jens Bogren, que trabalham com bandas como Arch Enemy, Opeth e Soilwork.

No geral, Tales Of  The Sand é um bom álbum, com boas canções e que merece atenção. Certamente agradrá aos que ouvirem a banda pela primeira vez através dele. Mas seria bom eles tentarem ousar um pouco mais, e perceber que músicas longas não deixam de prender atenção se forem bem feitas. Pedir ousadia a uma banda que mistura o metal com música árabe pode parecer um pouco demais, mas, para quem ouviu os discos anteriores, a sensação de que a banda está esgotando seu repertório de truques é inevitável.



Nota 7,5

Tracklist:
01. Under Siege
02. Braving the Seas
03. Merciless Times
04. Tales of the Sands
05. Sour Sigh
06. Dawn Within
07. Wide Shut
08. Requiem for a Goodbye
09. Beyond the Stars
10. Time to Grow

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