Por Rodrigo Luiz
Após três anos uma das grandes bandas do prog metal, o Mastodon está de volta com seu mais novo álbum de estúdio, The Hunter. E o disco possui uma mudança na sua sonoridade, o que já era até esperado, pois o grupo já lançou quatro discos, um completamente diferente do outro. Isso fez com que a banda criasse um grande e diversificado grupo de fãs, dos headbanger aos indies (até mesmo a Pitchfork já se entregou ao som do grupo). Apesar disso, a base progressiva sempre era mantida nos seus discos. Mas neste é diferente, os ritmos jazzísticos desalinhados e as hipnóticas exposições instrumentais de outrora são quase inexistentes aqui, o que ouvimos é um heavy metal mais direto, simples, cheio de melodias e bem menos progressivo do que o habitual, se distanciando de forma gritante dos trabalhos anteriores. Mas isso tudo com muita criatividade.
O disco é bastante energético e rápido, e, aliado a menor progressividade, faz com que ele flua mais naturalmente, e sempre de maneira ascendente, o que o torna mais cativante e fácil de se ouvir. Maior prova disso é a duração das músicas, que dificilmente chega aos 5 minutos. E o produtor do disco é Mike Elizondo, que trabalha com nomes do pop como Jay-Z e Maroon 5, o que explica esse caminho para um som mais melódico e radiofônico. As guitarras de Brent Hinds e Bill Kelliher ganham maior destaque, com riffs mais pesados e também mais presentes, assim como o baixo grooveado do também vocalista Troy Sanders. E neste disco ele conta com a contribuição de todos os integrantes no microfone, explorando mais as melodias vocais. Isso já difere o álbum do seu trabalho anterior, que era bastante focado na bateria de Brann Dailor. O baterista está mais contido, mas bate firme quando precisa e faz um excelente trabalho.
As faixas do álbum são diversas, bem diferentes umas das outras. Funcionam muito bem isoladas, mas funcionam melhor ainda em conjunto, o que faz de The Hunter um disco para se ouvir várias vezes seguidas. Essa diversidade é logo mostrada nos singles "Black Tongue" e "Curl Of The Burl", que são também as duas primeiras do disco. A primeira tem riffs lentos e metódicos num timbre quase blueseiro, enquanto Brann Dailor castiga a bateria. Já a segunda é um stoner-metal, trilhando por um som mais setentista, com riffs bem graves e um refrão fácil. "Blasteroid" refresca um pouco com suas melodias infecciosas e um apelo mais pop, mas é confrontada pelo prog alucinógeno de "Stargasm". "Creatures Lives" é uma canção semi-acústica completamente setentista e abusa das melodias, enquanto "Spectrelight" é acelerada e alucinante, e até lembra um pouco a sonoridade da banda no início da carreira. Essas experiências constrastantes das canções são a tônica do álbum.
Em The Hunter a banda mantém sua extrema qualidade, e consegue mais uma vez se expor à uma ótica diferente. Haverão alguns fãs decepcionados com essa sonoridade mais simples, mas, com toda certeza, muitos dos fãs se renderão à qualidade do disco, e até outros devem surgir, pois esse tipo de som talvez seja até mais interessante do que o que o quarteto de Atlanta vinha desenvolvendo. Pode ser que a banda dê continuidade a esse som, mas isso é uma incógnita. Afinal, o que esperar de uma banda que tem o seu disco mais smiples como o mais experimental da carreira?
Nota 9,5
Tracklist:
01. Black Tongue
02. Curl Of The Burl
03. Blasteroid
04. Stargasm
05. Octopus Has No Friends
06. All The Heavy Lifting
07. The Hunter
08. Dry Bone Valley
09. Thickening
10. Creature Lives
11. Spectrelight
12. Bedazzled Fingernails
13. The Sparrow
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